A culinária brasileira é pesadamente influenciada por diversas culturas e sofre assim algumas consequências.
Às vêzes uma mistura terrível, de origem incerta, como por exemplo o cuscus paulista, onde a original semolina em grãos passou para a pesada farinha de milho, ervilhas, ovos e camarões, sardinhas enlatadas, o toque lusitano.
Do Líbano pela Itália até a Barra Funda.
Poucos pratos mantém certa originalidade, quase pureza na origem.
Um deles poderia ser o cação à brasileira. Uma simples posta com legumes de nosso médio tubarão, sempre caçador, daí o cação ou caçonete.
Envergonhadamente o peixeiro lhe corta e descarta a cabeça, a mostrar que é peixe de fato, arranca-lhe o couro a dizer tratar-se de badejo, mero até, falsos, claro.
Fruto colateral da pesca, delicioso, livre das incômodas espinhas, mas desprezado, a dar brigas em restaurantes, discussão com assustados "maitres", que tal é réles cação e não "fino badejo", e por aí vai.
Frescuras à parte, o tubarão é bom no prato, inegavelmente. Simples posta, com mandioca cozida, pimentão, um pirão batido com o suco colhido no assar. Arroz e feijão (o que se estranha pelo sul do país, feijão e peixe). De entrada uma salada de tomates. Umas azeitonas, ovo e queijo frescal, para lembrar que os portugueses mandavam por aqui. Mas rejeitavam o cação, preferindo o bacalhau.
Que esperto cearense simulava, fazendo do cação salgado o "tubalhau"... Mas não pegou, os importadores derem um basta. Piratear bacalhau? Neca.